sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Vegetarianismo

Regojizai, amigos! Esse blog ainda vive!

Como uma fênix, retorno das cinzas para falar sobre um assunto relativamente polêmico:
Vegetarianismo.

Pra quem porventura não saiba, vegetarianos são pessoas que abdicam de comer carne e passam a subsistir unicamente de mato e, em alguns casos, ovos, leite e derivados. Existem vegetarianos menos fervorosos, que comem até peixe, e vegetarianos extremamente fanáticos, que se recusam a andar em carros com banco de couro. A grande maioria deles, porém, deixa de comer carne por sentir algo parecido com dó dos pobres animaizinhos sacrificados para serem comidos.

Pois bem, minha singela opinião é que o fato do ser humano comer carne foi a melhor coisa que já aconteceu para os animais que são comidos.

Antes que os vegetarianos de plantão comecem a me xingar, vamos analisar alguns números:

Esse é o gorila-das-montanhas. Nativo das montanhas vulcanicas da África Central, esses animais chegam a 1,90m de altura e são cerca de dez vezes mais fortes que um jogador de futebol americano.

Restam cerca de 790 no mundo.

Essa é uma baleia azul. Ela chega a 30 metros de comprimento, a altura de um prédio de uns 10 andares, e seu coração é do tamanho de um carro. É o maior animal que já viveu na Terra.

Existem, no máximo, 12 mil delas vivas.


Essa é uma ararinha-azul. Elas estão extintas na natureza; restam 85 vivas em cativeiro.

O que há em comum entre esses animais?

Eles não são criados pelo ser humano para servirem como alimento.

Agora, vamos examinar o outro lado:

Essa é uma vaca. Vacas são dóceis, grandes, gordas e idiotas. Seus passatempos preferidos são ruminar, mugir, serem culpadas pelo aquecimento global e ruminar mais um pouco.

Existem 1,3 bilhão delas no mundo.
Existem tantas vacas no mundo quanto existem chineses.
Não sei se alguém aqui já notou, mas tem chinês pra caralho no mundo.

Nessa foto, temos um porco e seu semelhante menor de idade, um porquinho. Porcos tem focinhos bizarros e seus pulmões são pequenos em relação a seus corpos, tornando-os suscetíveis a sofrerem de pneumonia e bronquite, o que pode rapidamente matá-los. Como se não bastasse, eles são a matéria prima da carne que, ao ser misturada com sangue de unicórnio e esperma de fadas, gera o bacon, a unica boa razão para se acreditar que Deus existe.

Existem cerca de 2 bilhões de porcos vivos no mundo. Dois bilhões, pra quem não sabe, é um número de 10 digitos. Com 2 bilhões de reais você compra mais de sete Boeing 767, que levam, cada um, até 375 pessoas. Resumo da ópera: 2 bilhões é muita coisa.

Aqui temos um galo e uma galinha, respectivamente. Galinhas estão, atualmente, na 3ª posição do Ranking Abreu de Pássaros mais Escrotos da Terra, atrás apenas de avestruzes e de emas. Galinhas andam de um jeito altamente tosco, parecem estar constantemente em estado de perigo máximo, não conseguem voar e são mais burras que um pão de forma integral.

Existem mais de 24 bilhões de galinhas vivas na Terra. Deixe-me repetir, vinte e quatro bilhões.
Para cada ser humano vivo, você tem mais de três galinhas.

Imagine-se sentado aí no seu computador com três galinhas ciscando no seu pé. Imaginou?

Agora imagine isso para cada. Pessoa. Da Terra.

Agora, me respondam: o que há de igual entre esses últimos três animais apresentados?
Exatamente, colegas: eles são criados aos montes para serem impiedosamente devorados pelas pessoas.

Notaram a diferença?

Do ponto de vista puramente evolutivo, as criaturas de maior sucesso no planeta são justamente as mais consumidas pelo ser humano. Elas vivem em segurança, sem predadores e não estão nem perto de estarem ameaçadas de extinção. Isso assegura que elas se reproduzam e perpetuem a espécie, o que, biologicamente falando, é o motivo pelo qual os seres vivos existem. E elas fazem isso como?

Sendo devoradas pelos não-vegetarianos.

Ou seja, nós, carnívoros, não somos monstros sem coração e egoístas que não ligam pros animais. Pelo contrário: nós gostamos tanto deles que fazemos esse gigantesco sacrifício de comê-los para que, assim, eles possam continuar sendo criados as pencas e não sejam extintos. E essa é a única razão pela qual comemos carne. Não é porque comer bacon é o equivalente degustativo de dormir por 10 horas seguidas ou porque comer mato é ruim por bosta. É simplesmente porque nós os amamos!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Porque eu não quero ter filhos

Boa noite.

Quem me conhece sabe que eu não quero ter filhos.
E isso, colegas, é por uma única razão:
Seria muito filho da puta da minha parte botar uma criança no saco que esse mundo tá virando.

Pra explicar isso, vamos fazer uma comparação do mundo civilizado na época dos meus pais, na minha época, na época atual, e então extrapolaremos isso pra possível época do meu filho:

Na época dos meus pais, pelo que eu sei após ouvir as histórias deles, as crianças tinham uma juventude relativamente simples. Elas comiam o que quer que aparecesse pela frente devido a mais pura falta de opção, e ficavam alucinados quando achavam um pedaço de pau na rua porque isso significava que eles poderiam jogar o citado pedaço de pau em alguém e, com sorte, mandá-lo pro hospital.

Uma geração depois, meus pais fizeram a cagada de me botar no mundo. Na minha infância, a sociedade estava se sofisticando, porém ainda tinhamos uma juventude despreocupada. Não nos preocupavamos, por exemplo, em saber quantas calorias tinham as coisas que comiamos. Muito pelo contrário, a gente comia coisas altamente porcas, criadas especialmente pra ferrar nosso corpo. Coisas como chocolate guarda-chuva, bolacha recheada, moedas de chocolate, etc. Ninguem olhava um rótulo de comida naquela época pra saber se o negócio tinha muita gordura trans ou se era feito de trigo transgênico, e se fosse, ninguém ligava. Podia ter porra de elefante na nossa comida que todo mundo ia comer feliz e contente.

O Ministério da Saúde adverte:
Chocolate guarda-chuva causa buracos no seu pâncreas.

Outra coisa despreocupada era o entretenimento. As crianças ainda gostavam de jogar pedaços de pau na cabeça dos outros - porém, uma criança ficava completamente ensandecida quando via algum jogo de video-game, especialmente os mais violentos, do tipo Street Fighter, Doom ou GTA. Ninguém ligava pro fato de você ficar trancado no seu quarto atirando nos outros.

Arrancar a cabeça dos outros:
Entretenimento de qualidade!

Aí, vinte anos depois, chegamos à situação deplorável em que vivemos hoje.

Vou ilustrar essa situação deplorável com um vídeo: o mais novo comercial do Pão de Açucar:

(Notem, por favor, que eu sou completamente incapaz de colocar um vídeo no meio do post. Vai aí o link pra quem quiser assistir ele decentemente:


...

Só tenho uma coisa a dizer:
Que família INSUPORTÁVEL.

Essa propaganda exemplifica perfeitamente o meu argumento, senhoras e senhores:
O mundo tá ficando um saco.

Porra. Quando eu era criança, a gente gostava de comer toda aquela porcariada sobre a qual eu já falei. Hoje em dia, por outro lado, as crianças ficam preocupadas em ter lanchinhos saudáveis, preparados com ingredientes orgânicos.

Quando eu era criança, nossa diversão era matar os outros no video-game. A diversão das crianças de hoje, por sua vez, é separar o lixo. Economizar água. Salvar o mundo.

Porra!

O mundo tá virando um lugar insuportável, companheiros, e só tende a piorar. E é por isso que eu não quero ter filhos. Imagina só o saco completo que vai ser a época que ele nascer.

Pior ainda, imagina se ele nascer e virar uma criança insuportável que nem a do video acima?
Imagina se ele falar pra eu mijar durante o banho pra economizar a água da descarga?
Eu não aguentaria, meus amigos. Seria o maior fracasso da minha vida: um filho ecologicamente correto.

_________________________________________________

Notem, por favor, que eu disse que não quero ter filhos. Nunca exclui a possibilidade de ter filhos, vejam bem. Eu só queria esclarecer que, no caso de eu de fato ter um filho, cuidarei dele com carinho, amor e dedicação.

E, em minha homenagem, nomearei ele de "Fábio", assim como o pai. Ele se chamará, então, Fabio Jr.

Só pela piada.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Um Ode à Comida

Eu não aguento mais o arroz
Já não gosto também do feijão
O bife já não me seduz;
Toda aquela mastigação!
Eu não quero mais comer pizza
Muito menos comer macarrão
Não quero nem frango, nem peixe
Comer: que chateação!

Não gosto de nenhuma comida
Nada mais me faz salivar
Quando olho para um prato, só penso:
"Que saco, preciso almoçar!"
Não gosto de ir em restaurante
Nem se for pra comer caviar!
Há coisas mais legais pra se fazer
Por exemplo, dormir ou repousar!

Sempre que me sento em uma mesa
Logo vem o mesmo assunto:
"Carne assada, linguiça e bolacha;
Frango frito, polenta e presunto!"
Enquanto isso eu fico calado
Como se eu não fosse nativo desse mundo:
As pessoas dividindo suas receitas
E eu ali, num tédio profundo.

Ainda mais chato que comer
É o ato da digestão:
Meu estômago tenta trabalhar
E o enjôo me atinge, então
O sono ataca o meu corpo,
Me dá vontade de deitar no chão
Me sinto cheio e estufado
Comer me dá depressão!

Então não me ofereça uma salada
Não a quero nem com molho!
Por favor, pegue esse chuchu
e enfie no meio do seu olho!
Não quero mais saber de comida
Nem frita, assada ou cozida
O que eu quero é fazer fotossíntese;
Viver do sol, isso é que é vida!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Eu não gosto de baleias.

Eu já obtive um bom número de reações diferentes quando conto pras pessoas que eu não gosto de baleias.

Nenhuma delas, nunca, foi positiva. Nenhuma. Reações comuns são a incompreensão, a raiva ou a incredulidade, mas nunca passam pelo espectro da empatia ou da aceitação.

E as pessoas ficam ainda mais confusas quando eu digo que eu não gosto de baleias porque tenho medo delas.

"Mas caramba, as baleias tão lá quietinhas no canto delas! Elas não vão te fazer nada!"

Foda-se. Ainda cago de medo quando penso numa baleia jubarte pulando do meu lado, ou quando me imagino num barquinho com uma gigantesca baleia azul espirrando água ao meu lado, ou ainda quando imagino a pior de todas, o cachalote, se engalfinhando com uma lula gigante.

Não é um medo racional, eu admito. É uma fobia.

Mas aí é que fica injusto. Ter aracnofobia, por exemplo, é perfeitamente aceitável. Ter medo de altura, completamente normal. E ninguém nunca te repreenderá se você tiver triscaidecafobia, que é o medo do número 13.

Porém, medo de baleias é completamente inaceitável.

Uma baleia azul. Agora imagine você, pequeno e
indefeso, nadando do lado dessa merda.

Meu medo de baleias começou quando eu recebi um site com a representação de uma baleia azul, em tamanho real, com os malditos barulhos que elas fazem tocando no fundo. Foi algo que me assustou profundamente.

Por volta dessa época, eu também conheci o "Bloop".

O "Bloop" foi um som captado por microfones submarinos no oceano Pacífico, que lembra sons emitidos por animais. O problema é que, pra que algum animal tivesse emitido aquele som, ele deveria ser bem maior que uma baleia azul. E o problema com isso é que é algo perfeitamente provável. O mar é um lugar tão bizarro que é perfeitamente possível que um bicho gigante que coma cachalotes de aperitivo exista.

Após essa época da minha vida, eu passei a abominar completamente o mar. Essa abominação era inicialmente dedicada em sua maioria às baleias azuis, porém ela rapidamente se expandiu à basicamente qualquer coisa que viva abaixo de 3cm de água (e várias coisas que vivem acima de 3cm de água, também). Entre essas criaturas odiáveis estão águas-vivas, moréias, anêmonas, peixes-palhaço, linguados, arraias, tubarões (especialmente o tubarão-baleia), carangueijos, lagostas, esponjas e pepinos-do-mar. A única excessão à essa lista são os peixes-boi, que são basicamente os bichos preguiça do mar.

Entre todas as criaturas marinhas, porém, existem duas às quais eu dirijo especial animosidade.

Essas são os já citados cachalotes e os cefalopódes.

Um maldito cachalote.
Uma observação: Essa porra aí é um filhote.

Cachalotes são as maiores baleias dentadas existentes. Entre suas agradáveis habilidades estão: produzirem os sons mais altos do reino animal, permanecerem submersas em profundidades de mais de 3km por períodos superiores a 90 minutos e darem cabeçadas em barcos quando se sentem ameaçadas até eles afundarem.

Um animal amabilíssimo.

Entre os componentes da dieta do cachalote estão os animais que eu mais odeio na face da terra:

Uma das primeiras imagens de uma Lula Gigante viva.
Por mim, poderiam ser também as últimas.

Lulas gigantes. Dez tentáculos com ventosas serrilhadas, um bico duro com centenas de pequenos dentes, controlados por um animal com um sistema nervoso complexo guiado pelos maiores olhos do reino animal. Se alguém conseguir gostar dessa merda, por favor me explique como.

E eu vou parar esse post por aqui antes de começar a xingar as criaturas abissais. Porque se eu começar a xingar elas hoje, eu posso facilmente passar uma semana nisso.

O mar é uma bosta. Ponto.

sábado, 11 de junho de 2011

Mensagem de amor

Hoje é dia 12 de Junho, dia da Independência nas Filipinas.
Um dia tão bom quanto qualquer outro, eu decidi, para fazer uma homenagem à minha amada.
Portanto, se você veio aqui esperando um texto raivoso e reclamante, vai se decepcionar.
Porque hoje escreverei algumas palavras a ela.

Ela, que sempre me faz companhia, seja nas tardes quentes ou nas gélidas madrugadas.
Ela, que está sempre junto a mim, na alegria, na tristeza, na riqueza e na pobreza, para o bem e para o mal.
Ela, que nas raríssimas ocasiões em que se separa de mim, me deixa deprimido, entediado, entristecido e desesperado.
Ela, que apesar de possuir conhecimento incomparável, não é orgulhosa, e está sempre disposta a dividir sua sabedoria comigo.
Ela, que sempre tenta me entreter nos momentos de tédio.
Ela, que me faz rir das coisas mais improváveis e vive tentando me alegrar.
Ela, que me civilizou, me trouxe cultura e conhecimento.
Ela, que apesar de tudo não é ciumenta, e até mesmo me ajuda a manter contato com outras pessoas.
Ela, que não é rancorosa nem vingativa, e está sempre disposta a me perdoar.
Ela, minha amada, minha querida.

Ela, a Internet.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Eu não gosto de Faroeste Caboclo

Vou emputecer meio Brasil falando isso, mas alguma hora alguém tem que falar, né.

Eu não suporto mais o Faroeste Caboclo.

Primeiro porque venhamos e convenhamos, ela é uma música altamente superestimada.
Porra, querem até fazer um filme baseado na música.
Um filme. Baseado numa música.

Francamente, é de cair o cu da bunda.

Tratam o Faroeste Caboclo como se fosse a merda do hino do Brasil, só porque tem 7 minutos e o Renato Russo não repete a letra.
Grande merda.

7 minutos? Grande merda. Essa aqui tem 22. Só a primeira parte.


Fora que eu nunca entendi direito a letra, mas isso já pode ser incapacidade da minha parte.

MAS não é por razões artísticas que eu não gosto do Faroeste Caboclo. Afinal, tem muita coisa que eu não gosto por razões artísticas e nenhuma delas recebe a honra de ser mencionada aqui.

Eu não gosto mesmo do Faroeste Caboclo por razões mais, digamos, sociais:

Devido ao seu status como hino não-oficial do Brasil, decorar a letra do Faroeste Caboclo é aparentemente algo do qual as pessoas se orgulham. E não basta ela se orgulhar, ela ainda se sente obrigada a mostrar que ela decorou a letra. Isso leva a situações um tanto quanto desagradáveis:

Situação Hipotética:
Pessoa 1: E aí, você gosta de Legião?
Pessoa 2: Ah, eu não conheço muita coisa deles, só Faroeste Caboclo...
Pessoa 3 (que chegou na conversa agora): O que? Faroeste Caboclo?!?!? ESSA MÚSICA É FODA CARA!!!
Nesse momento, a pessoa 3 começa a cantar a desgraça da música, enquanto um coro de cidadãos desesperadas pra mostrar que também decoraram a música se juntam a ela, e você passa os próximos 5 minutos ouvindo um monte de gente desafinada balbuciar em unísono sobre como o João de Santo Cristo roubava a igreja e comia todas as menininhas da cidade.

Ao final de uma situação como essa eu, particularmente, me sinto no estado de espírito necessário para matar um filhote de Koala.

Sério, pessoas. Precisa cantar? Tem maneiras muito mais agradáveis de mostrar que você é fã. Tipo, sei lá, vestir uma camiseta com a cara aidética do Renato Russo estampada.

Agora, cantar uma música por aí não é uma maneira agradável de mostrar que você gosta dela. Pelo contrário, é uma maneira de estragar a música, afinal de contas a voz humana cantando desafinada é quase tão desagradável quanto um solo de gaita de foles. É uma prática odiável, irritante, que só me trouxe más experiências até hoje.

E não é só com Faroeste Caboclo que isso acontece, infelizmente. Faroeste Caboclo é só um caso especialmente irritante desse fenômeno, mas muitas outras músicas são acometidas por ele.
Tipo a discografia inteira da banda Pedra Letícia.
Banda essa que, aliás, é atualmente a segunda banda que eu mais odeio, exatamente por causa disso. (Sempre que eu ouço alguém cantando Teorema de Carlão eu tenho uma vontade quase incontrolável de pular numa piscina de chumbo derretido usando uma sunga branca.)





E pra quem ainda tá em dúvida, a primeira banda que eu mais odeio é, obviamente, a banda mais bonita da cidade.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fones de ouvido

Desde que dominou o fogo nos primórdios da civilização, o ser humano vem criando inúmeras invenções destinadas aos mais diferentes propósitos. Algumas deram muito certo (como a prensa de Gutenberg, por exemplo), mas também não faltam exemplos de outras que trouxeram muito aborrecimento e irritação (como, por exemplo, a prensa de Gutenberg). Nesse infindável mundo de criações humanas, algumas invenções figuram acima de outras devido a sua grande engenhosidade e seu impacto na sociedade (entre elas, a prensa de Gutenberg), e praticamente habitam um Olimpo das grandes obras da humanidade.

Pra mim, uma dessas invenções grandiosas são os fones de ouvido.

Pra quem nunca viu uma dessas jóias da mente humana, fones de ouvido são um minúsculo conjunto de caixas de som que você enfia nas suas orelhas para, então, ouvir a merda que você bem entender sem irritar as pessoas facilmente mau-humoradas ao seu redor. Inicialmente criados por volta de 1920 para aplicações como telefones ou rádios, os fones de ouvido atingiram seu completo potencial apenas com a criação dos Walkmen e das fitas cassete, que permitiram que um indivíduo ouvisse suas músicas prediletas onde e quando ele bem entendesse sem ter que carregar uma vitrola no seu ombro para isso.

O que é, a meu ver, uma verdadeira revolução.

Sem um fone de ouvido, você é quase que obrigado a ouvir o que os arredores te obrigavam. Primeiro porque se alguem liga um rádio do seu lado, você é fisicamente obrigado a ouvir aquilo. Segundo porque sem um fone de ouvido você não vai sair por aí ouvindo, digamos, Sidney Magal.
Você até pode, claro, mas lá no fundo você sabe que é muito brega.

Agora, se você tiver um fone de ouvido, você tem a liberdade de entulhar seus ouvidos com a música que você achar apropriada. Por pior que seja o som, você pode ouvi-lo livremente sem que ninguém te repreenda, reclame, ou atire nas suas costas.

Como se não bastasse o fato de te dar um alto grau de liberdade musical, um fone de ouvido também promove a tolerância social de modo comparável com poucos outros objetos do cotidiano. O fone de ouvido permite ao cidadão apreciar o que ele bem entende sem ferir os gostos ou preferências dos indivíduos ao seu redor. Isso permite, por exemplo, que várias pessoas possam compartilhar um espaço fechado, como um ônibus, ouvindo cada uma o que bem entende, sem que surja nenhuma animosidade entre elas.

O que é algo extremamente difícil, considerando a facilidade com que o ser humano se irrita com qualquer besteira.

Portanto, eu acredito que, para uma sociedade melhor, um dos primeiros passos que deveríamos tomar seria o de disponibilizar fones de ouvidos gratuitamente para a população geral, do mesmo modo que é feito com vacinas ou camisinhas.

Com esse grandioso passo, a harmonia entre os povos aumentaria consideravelmente conforme as pessoas deixassem de ferir ouvidos alheios com seus gostos musicais peculiares. As diferentes tribos musicais deixariam de brigar, haveria paz entre judeus, muçulmanos e cristãos, a fome na África acabaria e, principalmente, os funkeiros deixariam de ouvir funk pelo alto-falante do celular dentro do busão.

domingo, 15 de maio de 2011

Porque eu prefiro a noite

Não é que eu não goste do dia, vejam bem. Muito pelo contrário, eu gosto do dia. Gosto até mesmo - pasmem - do sol (exceto, claro, quando é verão e eu tô embaixo dele). O dia é bem mais bonito, mais claro, interessante aos olhos. Só tem um problema nele.

O problema do dia, basicamente, é que as pessoas ficam acordadas nele.

E, como todos nós sabemos, as pessoas tem essa mania desagradável de estragar as coisas.

Não sei se elas fazem isso por querer. Só sei que elas fazem. Você pode ter algo perfeitamente bom e agradável - coloque umas pessoas no meio, e elas vão dar um jeito de estragar o negócio, de alguma maneira. Seja colocando um bar na frente em que só toque sertanejo universitário, seja cimentando tudo em volta pra construir uma cidade, as pessoas VÃO estragar a coisa.

Que foi o que aconteceu com o dia.

O dia é bonito, agradável e claro. Mas, por culpa das pessoas, ficou também barulhento, caótico e aborrecido.

A noite, por outro lado, pode ser escura e meio chata de se olhar. Porém, foi o horário em que as pessoas coincidentemente escolheram pra dormir.

O resultado? Não tem música ruim. Não tem barulho de carro. Não tem gente se acotovelando nas calçadas. Não tem gente te enchendo o saco por qualquer motivo.

Não tem gente.

E é por isso que eu prefiro a noite.
O dia é irritante, cheio de ordens, julgamentos e opiniões egoístas. Durante o dia, você está sempre sob os olhos de alguem, te julgando, te observando, dizendo o que você pode fazer, como você devia fazê-lo, porque você não deveria fazer de outro jeito, e sempre disposto a ignorar sumariamente as suas opiniões.
Já a noite é livre, silenciosa, calma e permissiva. Durante a noite, não tem ninguem pra te irritar. Você pode fazer a merda que você quiser, na ordem que você quiser, a hora que você quiser. As regras de boa conduta e educação da população não são válidas porque, afinal de contas, a população está dormindo!

Quer comer o doce antes do salgado? Vá em frente!

Quer tomar refrigerante sem gás porque é melhor? A escolha é sua, campeão!

Quer andar por aí de chinelo e meia? Pode ir, ninguem vai te repreender!

Quer passar no farol vermelho? De noite, você pode!

Agora, tente fazer qualquer uma dessas coisas de dia:

"Desde quando você pode comer a sobremesa antes do almoço, mocinho?!?"

"Eca, refrigerante sem gás? Fica parecendo chá!"

"Chinelo e MEIA? Você não tem nenhum senso estético?!?!"

"Que que esse filho da puta tá passando no farol vermelh- CRASH!"

Notaram a diferença?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Osama

E na série "notícias atrasadas em uma semana": Morreu Osama bin Laden.

Mas não é sobre isso que eu estou aqui para falar hoje, após um mês de abstinência escrital.
Estou aqui pra falar sobre a morte de alguém muito mais notável:

O/a Lacraia.

Para quem não sabe, o indivíduo acima mencionado, apelidado em homenagem ao conhecido animal peçonhento de formato longo e movimentos imprevisíveis, é um dançarino famoso pela sua performance... extenuante... no hit nacional de 2003, "Égua Pocotó".

Para os infelizes que não apreciam a fina arte do Funk Carioca, tal canção é baseada num poema épico de Sérgio Braga Manhãs, entitulado "A Égua Cavalgante", que foi amplamente considerado pela crítica nacional e internacional como um dos mais fortes concorrentes à grandes prêmios literários, incluindo nessa lista o Nobel de Literatura (que foi injustamente concedido ao sul-africano J. M. Coetzee). Tal poema foi musicado um ano depois pelo conhecido e aclamado músico carioca MC Serginho. Serginho, movido pelo amor à arte, realizou uma primorosa versão musical do poema, com o intuito de espalhar esse belíssimo trabalho literário às massas. A canção, entitulada "Égua Pocotó", foi escrita de modo a facilitar a compreensão da obra pela população menos educada sem, contudo, reduzir a beleza do trabalho original. Numa das passagens mais memoráveis, o cantor utiliza de forma estupenda o recurso das onomatopéias para exaltar o cavalgar de sua amada égua ao declamar: "Pocotó, pocotó, pocotó, minha éguinha pocotó!".

Realmente, um trabalho magnífico.

A música era acompanhada por uma performance do dançarino Lacraia, que ajudou ainda mais a divulgá-la com seus estafantes e quase incompreensíveis movimentos corporais. A parceria entre o músico e o dançarino durou mais de 6 anos antes que Lacraia, após ficar incomensuravelmente rico devido aos anos de sucesso, resolveu se aposentar.

Sua vida de marajá terminou hoje, porém, com sua triste e precoce morte.

Agora, vocês devem estar se perguntando "por que, Fábio, estás tu a divagar sobre um reles dançarino de funk, quando personalidades tão notáveis como o bin Laden morreram tão recentemente?"

É simples, meus caros. MC Serginho e o/a Lacraia, com sua éguinha pocotó, pocotó, pocotó, marcaram em minha juventude o início da ditadura da música ruim.

Assim como bin Laden mudou o mundo ao realizar o maior atentado terrorista da história, a "Égua Pocotó" mudou o cenário cultural brasileiro ao ressucitar o funk, realizando um verdadeiro atentado cultural.

No momento em que a voz rouca e desafinada de MC Serginho irrompeu de algum alto falante e se aproximou violentamente de meus tímpanos, foi como se as torres gêmeas da boa música fossem atingidas por aviões sequestrados pelos terroristas do funk carioca.

Se a "Égua Pocotó" fosse um fenômeno isolado no ambiente musical, já seria por si só algo desagradável. Porém a situação foi muito pior. O sucesso da "música" abriu espaço a outras atrocidades sonoras, desprovidas de gosto, desagradáveis e vulgares. Atrocidades como o "Créu", a "Dança da Motinha" e toda a discografia da Tati Quebra-Barraco, que desde então me acompanham constantemente, me perseguindo através do alto-falante do carro de seres desprovidos de massa encefálica.

A morte do/a Lacraia é uma lembrança do ínicio dos tempos obscuros de fama do funk carioca. É uma oportunidade de reflexão, uma maneira de nos lembrar que, assim como a bomba atômica, o terrorismo e o fanatismo religioso, existem coisas que seriam melhores se fossem simplesmente esquecidas.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Culpado

E agora estão tentando botar a culpa do massacre do Realengo nos video-games violentos.

Com isso temos mais um culpado na lista, junto ao bullying, o islã, a esquizofrenia, as armas legais nas ruas, as armas ilegais nas ruas, os testemunhas de Jeová, a Al-Qaeda, os computadores, a internet, a maçonaria e os Illuminatti.

Em meio a toda a tragédia desse caso, pode-se verificar um comportamento comum do ser humano: a necessidade de encontrar um culpado pra tudo.

Em situações normais, costuma-se apresentar como culpado a primeira pessoa que se vê na frente. Porém, no massacre de Realengo, nos vemos frente à um dilema: o principal culpado já está morto! E, como todos nós sabemos, botar a culpa em gente morta tem bem menos graça que em gente viva!

Assim, sem ver o que fazer, a sociedade se contenta com uma solução sub-ótima: culpar qualquer coisa que pareça ter relação com o crime. Não se culpa por razão, se culpa por conveniência.

E, também por conveniência, só se culpam coisas com as quais a sociedade se sinta confortável em culpar. Ao acharem elos do atirador com comunidades islâmicas, a culpa do ato foi imediatamente depositada nelas. Porém, as menções à Jesus, presentes na própria carta do atirador, foram interessantemente ignoradas.

É fácil notar-se, porém, que culpar coisas como religião, ideais ou objetos não satisfaz a índole humana. Para que o homem se contente, ele deve colocar a culpa do ato sobre outro homem.

Portanto, para sanar esse e diversos outros problemas, eu sugiro a simples "criação" de um Culpado oficial.
O Culpado se tornaria simplesmente mais um cargo, um homem escolhido de alguma maneira para servir de bode expiatório para a população. Quando qualquer acontecimento ocorresse que causasse a ira do povo, porém onde não houvesse um indivíduo específico para o qual essa ira pudesse ser dirigida, lá estaria ele, o Culpado, pronto para receber de ouvidos atentos os xingamentos enraivecidos e irracionais da população!

Assassinatos não solucionados? Corrupção? Aquecimento global? Amor não correspondido? Todos nós poderíamos colocar, convenientemente, a culpa desses e de muitos outros problemas em uma única figura, disposta a admiti-la!

Seria o fim do ato de culpar filmes sangrentos e video-games violentos pelas mazelas do mundo, e o começo de uma nova e gloriosa era de raiva dirigida única e exclusivamente contra o Culpado!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Falta de Assunto

Uma crônica sobre a angustiante incapacidade produtiva de um aspirante a projeto de escritor.

Por F. Abreu

Depois de longos períodos de especial inatividade, eu repentinamente me lembro do estado de deplorável abandono desse blog e decido: "hoje sai um texto". Me preparo mentalmente para a extenuantíssima atividade da escrita o dia todo. Passo um longo tempo procurando alguma boa ideia, algum bom tópico, sem, porém, obter sucesso, até que eventualmente, ao cair da noite, me encontro defronte à tela branca. Decido prosseguir mesmo assim. Quem sabe uma visita de ultima hora por parte da minha cara Inspiração não me permita a escrita de uma magnum opus?

Encaro o espaço em branco, cheio de potencial, à minha frente. Meus dedos pairam sobre o teclado. Minha mente se desdobra no esforço de desenterrar algo interessante de suas profundezas. O momento climático que demarca o ínicio da escrita se aproxima! Até que, de repente...

Não acontece merda nenhuma.

Desrespeitando o momento anticlimático, tento começar de qualquer maneira. Rabisco umas duas frases, que são imediatamente descartadas. Tento começar de novo. Não funciona. As palavras não se encaixam. As frases não fazem sentido. As letras se embaralham.

Volto à estaca zero. A tela branca à minha frente. A barra de texto piscando.
Clic. Clic. Clic. Clic.
Como se estivesse me desafiando.

Um banho, eu decido. As grandes ideias sempre vêm nos banhos.
Arquimedes gritou "Eureka!" ao submergir em uma banheira. Newton descobriu os princípios básicos da mecânica sob o gotejar de um chuveiro. Gutenberg inventou a imprensa durante um banho. Kekulé descobriu a estrutura do benzeno ao ver uma cobra comendo a própria cauda no chão do box. Momofuku Ando inventou o miojo ao tomar um banho especialmente quente.

Porém, mesmo com a intensa e inútil atividade cerebral que acompanha um banho, nenhuma ideia me vem a mente.

Comida, penso eu. Quem sabe meu cérebro funcione melhor com o estômago cheio.
Obviamente, após a refeição, entro no meu estágio pessoal de depressão pós-alimentar. Enquanto isso, meu cérebro continua se recusando permanentemente a trabalhar.

Tento várias outras artimanhas, sem sucesso. No ápice de minha angústia, recorro à medidas drásticas. Procuro alguma notícia na internet, porem a única coisa que encontro são importantíssimas informações sobre a mais recente prova do líder do BBB. Procuro algo de interesse em alguma revista, sem encontrar nada. Ligo a televisão, porem nem o bombardeio de raios catódicos melhora minha condição.

É isso, penso eu. Não há mais opções.
Olho para os lados, certificando-me de que ninguém me verá cometendo tal ato.
Respiro fundo, me preparando para o último dos truques de um indivíduo sem assunto...

E começo a escrever sobre a falta de assunto em si.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Quarta-feira

Quarta-feira idiota. Quarta-feira ridícula.

Detesto quartas-feiras.
(Alias, se alguem aí souber qual é a regra pra plural de dias da semana, por favor me avise lá nos comentários. Ficarei muito agradecido)

Vejam bem, os dias da semana têm um equilibro muito balanceado e profundamente estudado. Nos dois primeiros dias, a falta de perspectiva existencial e o profundo tédio são contra-balanceados pelo excesso de energia proveniente das horas de sono extra do fim de semana. Já nos dias próximos ao final da semana, a falta de energia e o cansaço profundo são minimizados pela perspectiva ensolarada do glorioso fim de semana. A quarta-feira, porem, foge desse harmonioso yin-yang. Trancada no meio da semana, quando ela chega você já se vê cansado e quebrado, porem ainda obrigado a enfrentar a metade restante da semana pela frente. É uma bosta.

Mas como se não bastasse a quarta-feira ser escrota por sua posição semanal, ela ainda se esforça pra ser escrota por si só. É como se as grandes forças controladoras do universo se focassem para imbecilizar o dia. Os detalhes conspiram constantemente contra você. Eu acordo numa quarta-feira e sempre me pego preparando-me psicologicamente para um dia imbecil pela frente. Porém, sou sempre surpreendido: o dia foi ainda mais inútil que eu havia previsto!
Quartas-feiras são, em suma, meu inferno astral particular.

Que o grande e inexistente deus amaldiçoe as quartas-feiras.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Xingamentos

O xingamento é uma das formas de expressão mais abominadas pela sociedade moderna. Mães se horrorizam ao ouvirem seus filhos xingando, audiências se embasbacam ao ouvir um xingamento na televisão, mas ainda assim, apesar de todo o tabu ao redor do xingamento, ele é algo universal na linguagem humana.

Eu, particularmente, sou um profundo defensor dos xingamentos.

Do mesmo modo como dizem que a fala ou a racionalidade é o que separa o homem dos animais, eu digo que o que separa o homem dos animais é o xingamento. Enquanto um animal grunhe, muge ou rosna ao ser irritado ou ferido, o homem, do ápice de sua capacidade linguística, lida com isso de uma maneira muito mais eficiente: ele busca no seu amplo vocabulário uma certa combinação das palavras ofensivas, e, unindo-as, produz um xingamento.
O que é, ao meu ver, algo fantástico.

A linguagem humana é notável por ser extremamente complicada. Para dizer algo simples, nós muitas vezes utilizamos frases complicadas construídas por dezenas de palavras difíceis, o que torna nossa ideia o mais ininteligível possível (exatamente como eu acabei de fazer). O xingamento vai exatamente ao oposto dessa tendência. Ao invés de esconder uma ideia sob camadas de complexidade linguística, o xingamento mostra ela da maneira mais sucinta e rápida possível.
Toda sua raiva, sua dor ou seu desgosto ficam rapidamente evidentes com um bem colocado "F da P!!!"

Simples. Eficiente. Direto ao ponto.

Se dependesse de mim, o xingamento teria o papel oposto ao que ele tem na linguagem. Ao invés de ser algo totalmente marginalizado, ele seria considerado o padrão de fluência de uma língua. Ou seja, independentemente do quão maravilhosamente bem você falasse uma língua, você só seria declarado fluente nela quando fosse capaz de dizer sem titubear uma sequência de palavras cabeludas.

Porque, afinal de contas, falar "the book is on the table" é fácil.por outro lado, falar "the motherfucking book is on the motherfucking table!"... é uma arte!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Propaganda

Existem três coisas no mundo que são completamente incompreensíveis para mim:
A mente das mulheres, a mente dos japoneses, e a mente dos publicitários.

Publicitários são, em geral, donos das ideias mais esdrúxulas conhecidas pelo homem.

Não que eu queira dizer que os publicitários são donos das únicas ideias idiotas do mundo. Especialmente no mundo das artes e do entretenimento, se observam muitas ideias idiotas. Existem muitos filmes idiotas, muitas obras de arte idiotas, muitos programas de televisão idiotas.

Mas o fato é que a proporção de coisas idiotas no mundo da propaganda é MUITO maior que no resto dos lugares.

E como se não bastasse as ideias serem idiotas, elas ainda tendem a ser horrívelmente parecidas.
Parece que o mesmo publicitário com um tijolo no lugar do cérebro faz as mesmas propagandas para marcas diferentes.

Os piores tipos são propagandas de produtos sanitários ou de higiene bucal.
Pra quem nunca viu uma dessas (se é que isso é possível), elas consistem numa pessoa que vê o aconchego e a privacidade do seu lar ser invadido por uma equipe de televisão que a filma conforme uma moça de jaleco com os dentes perfeitamente brancos lhe oferece seu produto, que pode ser um higienizador de vasos sanitários, uma pasta de dentes ou um enxaguante bucal.
E, para minha surpresa, a pessoa, que as vezes é pega até trocando de roupa nesse momento, aceita alegremente a sugestão da moça e dá um sorriso brilhante.

Quando eu vejo uma propaganda dessas, eu não consigo decidir se eu fico mais inconformado com o publicitário que a fez, ou com o chefe dele, que aceitou uma propaganda dessas.

Mas nenhuma delas ganha das propagandas de escovas de dente.
Quem me conhece pessoalmente sabe que eu sou um ardente inimigo de longa data das propagandas de escova de dentes.
As propagandas de escova de dentes se dividem em dois tipos. No primeiro, a escova de dentes é oferecida por um narrador invisível de voz grave e séria, que elogia as propriedades da escova como se estivesse falando da descoberta da fusão atômica. Enquanto isso, uma série de cientistas com jalecos impecavelmente brancos é vista na tela, usando programas de alta tecnologia para criar modelos gigantes de sua escova em telas de plasma enormes, num laboratório que deve deixar a Nasa de queixo caído.
Tudo isso pra que? Pra falar sobre a nova escova de dentes com cerdas anatômicas.
Mas o que realmente me emputece é o segundo tipo.
As escovas de dente falantes.
Me recuso a descrever uma propaganda com escova de dentes falantes. Uma propaganda com escova de dentes falantes é o tipo de coisa que acorda o pequeno assassino psicopata adormecido dentro de mim.
Eu ODEIO propagandas de escova de dentes.

O que me leva a pergunta final:
Como os publicitários tem tais ideias imbecis?

Eu digo, não é como se qualquer zé-ninguem pudesse entrar numa agência de publicidade e falar: "olha, que tal se a gente fizer uma propaganda de escova de dentes e ela, sei lá, falasse?!?" Não, você precisa estudar pra poder falar isso. Você precisa de um diploma pra ter uma ideia imbecil.

Você estuda por quatro anos pra sair de lá e imaginar maneiras inovadoras de fazer uma equipe de televisão entrar no banheiro de alguem e oferecer Listerine pra ela.

...o que diabos alguem aprende durante esses quatro anos?
Como suprimir qualquer pensamento que contenha doses perceptíveis de bom senso?
Como perder completamente a noção do ridículo?

Aguardo respostas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Big Brother Brasil

Começa mais um ano, e com ele, mais uma edição do incrível, fantástico, atômico e genial "reality show" da Rede Globo de televisão: o Big Brother Brasil!

O Big Brother Brasil, pra quem nunca viu ou ouviu falar (o que eu acho impossível ou, se possível, invejável) é um programa de televisão no qual se coloca, dentro de uma casa, 14 pessoas "comuns", engajadas em "atividades do cotidiano".

Com "comuns" eu obviamente quero dizer "aspirantes a modelos frustrados, homens com um óbvio histórico de abuso de bomba, celebridades de internet e gays ou transsexuais", e com "atividades do cotidiano", eu obviamente quero dizer "ficar o dia inteiro na piscina, na academia ou olhando pro teto, brigando por coisas imbecis, com eventuais pausas para festas ou, de vez em quando, uma prova idiota."

Reality show, como eu bem ia dizendo.

O fato claro e simples é que o programa, que atualmente encontra-se em sua DÉCIMA PRIMEIRA maldita edição, apresenta sinais de esgotamento, apesar de ser amplamente aceito entre a audiência brasileira. Portanto, verificando-se como seria extremamente difícil que o programa acabasse de vez, não irei aqui argumentar o porque o mundo seria um lugar bem menos desprezível com o fim do reality show. Ao invés disso, irei, aqui e agora, revelar algumas de minhas singelas ideias para tornar o Big Brother um programa menos enfadonho, impedindo, assim, que ele se torne a Malhação dos "reality shows":

1. Trocar o apresentador.

Pedro Bial, o apresentador do Big Brother em todas suas ONZE malditas edições, tem um conhecido e respeitado currículo acadêmico. Formado na primeira turma do curso à distância de "filosofia barata" da Unip, Pedro Bial foi contratado pela Globo por volta da época da conclusão de sua pós-graduação com ênfase no tema "metáforas ridículas". Após vários trabalhos na Globo, Bial finalmente encontrou seu ninho como apresentador do Big Brother, onde a falta de intelectualidade dos participantes permite que ele dê vazão à todo seu talento e faça seus discursos de qualidade intelectual duvidosa com toda liberdade. Durante as primeiras edições do programa, tais características poderiam ter sido um diferencial (ou não), porém, após ONZE malditas edições, a presença de Bial a frente do reality show começa a se tornar um verdadeiro estorvo. Portanto, eu advogo pela troca imediata do apresentador por uma personalidade diferente, que traga ao programa novos ares. No topo de minha lista de sugestões de novos apresentadores, figura a Palmirinha, que deixaria o programa tudo de bom ao pedir que suas amiguinhas dessem uma espiadinha entre os merchans.

2. Trocar os participantes.

Em todas suas ONZE malditas edições, o BBB sempre teve uma seleção de participantes extremamente heterogêneo, que se baseia no "rinoceronte de sunga" e na "gostosa com um vácuo no cérebro". Apesar da recente inclusão de pessoas mais diferentes na casa, como um meio de revitalizar o programa, o grupo mais representado ainda são os mencionados acima. Eu advogo, portanto, à favor da inclusão de tipos menos conhecidos da sociedade, como velhos rabugentos, hippies sujos, e aqueles caras permanentemente bêbados que passam 70% de suas vidas num bar.
Numa medida ainda mais ousada, os novos participantes poderiam ser não de outros grupos sociais, mas de outras espécies! Eu ficaria particularmente extasiado com um "Big Iguana Brasil" ou um "Big Peixinho Dourado Brasil".

3. Trocar a localização.

O BBB é realizado, desde sua primeira edição até sua atual DÉCIMA PRIMEIRA maldita edição, numa casa. Tá bom que é uma senhora casa, mas ainda assim, a localização completamente comum do programa retira muitas oportunidades de entretenimento. Ao invés de uma casa, as próximas versões do BBB poderiam ser feitas em locais mais diferenciados, como a cracolândia, uma pequena balsa no rio Tietê na altura de São Paulo, um pântano, ou, para nos mantermos em possibilidades mais palpáveis, uma simples casa na árvore.

4. Trocar as provas.

As provas executadas no BBB dão aos participantes vencedores certas vantagens, como a liderança, comida, ou um carro. Porém, tais provas são características por serem... imbecis. Na minha singela opinião, o programa seria bem mais interessante se as provas fossem mais... interessantes... Em outras palavras, se envolvessem, digamos, poços cheios de cobras venenosas, como no Pitfall, ou bombas que necessitassem ser desarmadas por leigos. Seria muito mais divertido!

5. Trocar o prêmio.

Todas as ONZE malditas edições do BBB deram ao primeiro colocado somas substanciais de dinheiro como prêmio. O programa seria muito mais interessante se as pessoas que saíssem PRIMEIRO da casa ganhassem muito dinheiro, e as ultimas a sair ganhassem prêmios menos consideráveis, como, sei lá, um pacote de espetinhos de frango ou um saco de copos descartáveis. Ao invés de pessoas hipócritas tentando agradar o Brasil inteiro para permanecer na casa e ganhar quilos de dinheiro, teriamos pessoas tentando desesperadamente SAIR da casa para não ganharem coisas ridículas.

Essas são algumas de minhas sugestões para acabar com o marasmo que se tornou o Big Brother Brasil. Agora vamos aos intervalos comerciais, mas antes disso, fiquem com uma espiadinha!!!