segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Xingamentos

O xingamento é uma das formas de expressão mais abominadas pela sociedade moderna. Mães se horrorizam ao ouvirem seus filhos xingando, audiências se embasbacam ao ouvir um xingamento na televisão, mas ainda assim, apesar de todo o tabu ao redor do xingamento, ele é algo universal na linguagem humana.

Eu, particularmente, sou um profundo defensor dos xingamentos.

Do mesmo modo como dizem que a fala ou a racionalidade é o que separa o homem dos animais, eu digo que o que separa o homem dos animais é o xingamento. Enquanto um animal grunhe, muge ou rosna ao ser irritado ou ferido, o homem, do ápice de sua capacidade linguística, lida com isso de uma maneira muito mais eficiente: ele busca no seu amplo vocabulário uma certa combinação das palavras ofensivas, e, unindo-as, produz um xingamento.
O que é, ao meu ver, algo fantástico.

A linguagem humana é notável por ser extremamente complicada. Para dizer algo simples, nós muitas vezes utilizamos frases complicadas construídas por dezenas de palavras difíceis, o que torna nossa ideia o mais ininteligível possível (exatamente como eu acabei de fazer). O xingamento vai exatamente ao oposto dessa tendência. Ao invés de esconder uma ideia sob camadas de complexidade linguística, o xingamento mostra ela da maneira mais sucinta e rápida possível.
Toda sua raiva, sua dor ou seu desgosto ficam rapidamente evidentes com um bem colocado "F da P!!!"

Simples. Eficiente. Direto ao ponto.

Se dependesse de mim, o xingamento teria o papel oposto ao que ele tem na linguagem. Ao invés de ser algo totalmente marginalizado, ele seria considerado o padrão de fluência de uma língua. Ou seja, independentemente do quão maravilhosamente bem você falasse uma língua, você só seria declarado fluente nela quando fosse capaz de dizer sem titubear uma sequência de palavras cabeludas.

Porque, afinal de contas, falar "the book is on the table" é fácil.por outro lado, falar "the motherfucking book is on the motherfucking table!"... é uma arte!