sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fanatismo e (argh) "modinhas"

O assunto da vez na intermerda são as (argh) "modinhas". (Palavra feia, essa. "Modinha". Olha que palavra mais desajeitada!)
Quero dizer, na verdade o assunto da vez sempre é uma modinha específica, mas atualmente o assunto são as (argh) "modinhas", como um todo.
E eu, como uma pessoa antenada nas atualidades (leia: uma pessoa que não tem absolutamente nada pra escrever), falarei sobre elas.

"Modinha", como se pode ver, é um diminutivo de "moda". E o que, por sua vez, é moda?
"Moda", segundo o dicionário, é:

s. f.
1. Uso passageiro que regula, de acordo com o gosto do momento, a forma de viver, de se vestir, etc.

Basicamente, a moda é um jeito que acham de fazer você vestir alguma coisa, pentear o cabelo de um jeito, ler um livro ou de te enfiar uma música goela abaixo, sem que você queira, mas sem que você possa reclamar que estão te obrigando a fazer isso, porque, afinal, você pode escolher o que você faz!
Eu não teria nada contra a moda, se ela ficasse no canto dela e não viesse me encher o saco.
O problema é que a moda é que nem uma criança chata: você pode ficar ignorando ela, mas uma hora ou outra, ela VAI vir te encher o saco.
No caso das "modinhas", elas fazem isso por meio da segunda pior criatura existente na face da terra, depois das crianças:

Os/as Fãs.

"Fã" vêm do inglês, "Fan", que por sua vez deriva de "Fanatic" (fanático). E se tem uma coisa idiota no mundo, essa coisa é o fanatismo.
O fanatismo nunca fez absolutamente nada de bom ao ser humano. O fanatismo derrubou as torres gêmeas. O fanatismo matou milhões de judeus. O fanatismo criou as cruzadas. O fanatismo, colegas, é uma merda.
Ainda assim, um número impressionante de pessoas é fanática por alguma coisa. À meu ver, isso ocorre porque as pessoas não conseguem lidar com a complexidade do mundo. São muitas coisas diferentes, muitas coisas desonhecidas, e muitas pessoas gostando de coisas diferentes e desconhecidas. Então, as pessoas tentam simplificar: elas escolhem alguma coisa que elas gostam, se focam única e exclusivamente nela, e dividem o mundo em duas partes: as pessoas que gostam dela, e as pessoas que não gostam, e pronto! Você tem um mundo bem mais simples!
O problema com os fãs é que eles fazem exatamente isso. Porém, diferente de muitas coisas pelas quais as pessoas são fanáticas, o objeto de fascinação dos fãs das "modinhas" não dura muito tempo. Eles são como uma baleia saltando: Elas vêm das profundezas escuras e frias do oceano, dão um pulo, todo mundo olha com cara de maravilhado, e então elas caem e voltam pro mar.
E o que faz o fã quando seu ídolo volta pras profundezas frias e escuras do mar do anonimato?
Simples: eles escolhem outro ídolo, para não terem que encarar o mundo em toda a sua complexidade.
E ídolos não faltam, porque é interessante criar ídolos devido ao fato de eles se revertem em dinheiro facílimo.
É como se colocassem uma rédea no indivíduo: ele tem um mundo inteiro para ir, mas só vai pra onde puxam a cabeça dele.
Mais uma vez, isso não me irritaria, pois o indíviduo que faz isso está fodendo apenas à si mesmo.
O problema é que o fã define a sua pessoa, o que ele é, como a coisa à qual ele devota seu fanatismo. Ele passa a viver exclusivamente para ela e por causa dela. E assim, quando alguem não gosta do objeto em questão, o fã se sente ofendido pessoalmente. O fã não consegue aturar o fato de que alguem não gosta do que ele gosta - afinal, a definição de fanatismo é uma "adoração exagerada, que distancia-se da racionalidade".
Então, quando ouve uma crítica, o fanático parte para a defesa irracional do objeto de adoração.

Aí é que vem a parte interessante.

Nenhum fanático vai defender o que ele gosta com argumentos válidos. Ele não vai falar da qualidade artística da música que ele ouve, nem vai defender as habilidades narrativas da autora do livro que ele gosta. Não, o fã sempre vai defender seu objeto de adoração ofendendo quem falou mal dele.
Provavelmente, ele faz isso porque, como ele se sente ofendido pessoalmente pela crítica, ele sente que o crítico deve ser ofendido pessoalmente, também.
Então em 90% das vezes, ele usa uma das três frases:
1. Você tem inveja!
2. Se você não gosta, faz melhor!
3. Você não gosta porque você (insira ofensa aqui) !

Vamos estudar esses argumentos:
1. "Você tem inveja!"
Os fãs gostam desse argumento porque ele é meio humilhante, provavelmente. O fã sabe que você não gosta do objeto em questão. Falar que você tem inveja dele é falar que você gostaria de ser como ele - o que, para quem critíca, é uma ideia até mesmo humilhante.

2. "Se você não gosta, faz melhor!"
Eu acho esse argumento especialmente interessante, porque ele demonstra a memória seletiva de um fã.
Com esse argumento, os fãs parecem se esquecer que praticamente toda a produção cultural do mundo é avaliada por pessoas que não produzem aquilo. Os filmes que concorrem ao Oscar não são avaliados por Steven Spielberg e James Cameron. Os quadros de pintores famosos não são avaliados por Picasso ou Van Gogh. Shakespeare não faz resenhas sobre os livros, dizendo se são bons ou ruins. Ainda assim, os fãs se recusam a ver isso, supondo que só quem faz uma obra prima é capaz de reclamar de outras. Ainda assim, quando a banda favorita de um fã ganha um Grammy, eles são os primeiros a alardearem o fato por aí, se esquecendo que, muito provavelmente, nenhum jurado do Grammy é músico profissional.

3. "Você não gosta porque você (insira ofensa aqui) !"
Esse é o ápice da falta de racionalidade. O fã, completamente incapaz de encontrar uma razão lógica para desmontar a crítica, começa a proferir ofensas completamente não relacionadas ao assunto. Por exemplo: "Você não gosta porque você apoia o nazismo!"

E é por isso que eu não gosto das modinhas. As modinhas em si poderiam ser ruins ou boas, mas eu não me importaria com elas. Porém, elas sempre vêm acompanhadas da manada de primatas descerebrados e irracionais chamados "fãs", e são eles que realmente me irritam. Não porque eles gostam de algo que eu não gosto, mas porque eles se recusam a aceitar que eu não gosto de algo que eles gostam.

5 comentários:

  1. amigo
    (latim amicus, -i)
    adj. s. m.
    adj. s. m.
    1. Que ou quem sente amizade por ou está ligado por uma afeição recíproca a. = companheiro ≠ inimigo
    2. Que ou quem está em boas relações com outrem. ≠ inimigo
    3. Que ou quem se interessa por algo ou é defensor de algo (ex.: amigo dos animais). = amante, apreciador

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  2. Que eu saiba, não há uma afeição recíproca!
    Você se encaixa mais no ítem 3, se bem que amante do dicionário soa meio insano!
    (:

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  3. A maior e, ao meu ver, pior modinha que a humanidade criou já dura lá seus 2000 anos =] e essa sim reúne um número considerável de fãs (os mais irritantes na minha opinião) e um ídolo no mínimo questionável...

    Don't Panic!
    From Diadema

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  4. Eu não chamaria o Cameron nem pra julgar Festival de Curtas feitos no Movie MAker...

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