segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sono

Pra ser bem sincero, eu não gostava de dormir até a 8ª série. Naquela época, como o sono era abundante, eu não o valorizava. Eu achava dormir uma perda de tempo. Porém, com o tempo, eu percebi que o sono é a maior benção que deus não nos deu. Sono é mais ou menos como, digamos, seus pulmões: você não liga o mínimo para eles - mas quando eles começam a falhar, você percebe a importância deles. Sono é a mesma coisa: você só começa a aproveitá-lo quando ele se torna um recurso escasso. Atualmente, eu aprecio toda a beleza de uma noite bem dormida. Durante o sono, não existem preocupações: é só você, a cama, e algumas doces horas de torpor sonífero pela frente. Os problemas do mundo material desaparecem, e, no lugar, vem o mundo idílico dos sonhos. Nada de provas, contas, ou outra idiotice criada pelo homem - e sim, qualquer insanidade que seu cérebro resolva criar.
Ainda assim, mesmo sendo tão bom, o sono tem um problema: ele teima em ser completamente imprevisível. O sono é para mim como uma dama, teimosa e egocêntrica: quando ela está de bom humor, ela chega na hora certa, me embebeda, me leva para a cama e me abre as portas do glorioso reino de Morfeu. Quando eu acordo, ela se foi. Porém, na maioria das vezes, ela teima em se atrasar, e não chega não importa o que eu faça, e me mantém na cama, esperando ansiosamente por sua chegada. Quando eu, por fim, adormeço ao seu lado, sou normalmente acordado pela trombeta infernal do despertador, e me vejo obrigado a levantar enquanto ela ainda está comigo. Nesses dias, aparentemente para compensar seu atraso, ela fica ao meu lado o dia inteiro, me tentando, me chamando para a terra dos sonhos - e eu, fraco como sou, costumo ceder. Ainda assim, eu sou incapaz de odiá-la. Ela é para mim como Helena de Tróia foi para Paris, ou como Beatriz Portinari foi para Dante: apesar de me trazer problemas e não corresponder à minha adoração, eu sou incapaz de abandoná-la.

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